Bacia Hidrográfica do Douro

O rio Douro nasce na serra de Urbion (Cordilheira Ibérica), a cerca de 1700 m de altitude. Ao longo do seu curso de 927 km (o terceiro maior entre os rios da Península Ibérica, depois do Tejo e do Ebro) até à foz no Oceano Atlântico, junto à cidade do Porto, atravessa o território espanhol numa extensão de 597 km, seguidamente serve de fronteira ao longo de 122 km, sendo os últimos 208 km percorridos em Portugal.

Os leitos das linhas de água têm geralmente fundo rochoso, ocorrendo frequentemente marmitas de gigante (em especial nos granitos) e ressaltos no perfil longitudinal, sobretudo quando são atravessados filões quartzíticos.

O vale do Douro é meandrante em toda a extensão e bastante encaixado, até próximo da foz. Largos meandros de pequena curvatura conferem ao percurso um elevado índice de sinuosidade. Alguns desses sectores parecem ter origem tectónica, pela angularidade dos meandros.

Dos processos de evolução fluvio-torrencial do relevo salienta-se o abarrancamento das vertentes muito inclinadas, patente na frequência de barrancos ao longo das margens das gargantas do Douro, Sabor, Tua, Tâmega, Távora, Côa e Paiva.

Entre a foz do Douro e a do Tâmega as margens são altas e abertas com pequenos vales suspensos, que evidenciam a juventude da instalação da rede hidrográfica. As margens são mais baixas e menos inclinadas até chegarem às paredes abruptas que constituem as margens vestibulares do estuário, especialmente na margem setentrional, ao longo da parte ribeirinha do Porto. Aqui estas correspondem a arribas contemporâneas do nível do mar mais elevado, durante a transgressão flandriana.

O Douro desagua num estuário de tipo vestibular, em forma de funil, simples, com apenas um depósito de lodos junto à margem esquerda, ao abrigo da restinga que forma o chamado Cabedêlo do Douro.

Na entrada da barra do estuário formou-se um banco de areia que também se movimenta consoante a resultante energética das correntes marinhas e fluviais. Ao provocar a rebentação das ondas ao largo da barra ele minimiza a erosão das ondas sobre a restinga e a diminuição da sua altura ao penetrarem no estuário.

Os recursos hídricos da área do Plano do Douro são essencialmente renováveis e dependentes da precipitação proveniente das massas de ar mediterrânica e atlântica. Atendendo à extensão e orientação desta bacia é de esperar que a porção de precipitação que mais contribui para o escoamento seja a atlântica; a influência mediterrânica, por seu turno, obriga à sazonalidade, tanto mais elevada quanto se caminha para o interior da península.

A análise dos escoamentos nos afluentes portugueses do rio Douro permitiu concluir que à medida que se caminha para o interior se observa uma influência crescente das características mediterrânicas, patente na distribuição mais extrema dos caudais, com estiagens mais marcadas do que no litoral. Sobressaem, com um comportamento um pouco diferenciado dos restantes, as bacias do Côa e do Sabor: na primeira, o rigor da estiagem faz-se sentir na ocorrência de vários meses muito ou completamente secos e, na segunda, a menor duração dos escoamentos superiores ao módulo evidencia um regime mais torrencial do que em todos os restantes rios da parte portuguesa da bacia.